Internet via rede elétrica atrai aportes da Celg e da CEEE
A aprovação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para disponibilizar acesso de internet de alta velocidade (banda larga) está seduzindo concessionárias de energia, como Celg e CEEE, ao mesmo tempo em que tornou o setor um terreno fértil para fornecedores como Sagem e Nokia Siemens. Todas estão de olho nas oportunidades de negócios da utilização da tecnologia Power Line Communications (PLC), que viabiliza a banda larga com conexão na tomada.
A empresa francesa Sagem Communications, especializada na fabricação de modems e equipamentos para conexão via PLC, por exemplo, pretende investir cerca de 2 milhões de euros no próximo ano no Brasil. Marcel Briant, diretor-geral da companhia para o Mercosul, explica que a experiência da Sagem no mercado de energia, fabricando medidores digitais com sistemas de conexão sem fio, reforça a posição da empresa no mercado de equipamentos de PLC. “Este ano, o PLC vai se tornar uma aplicação apenas para transmitir internet, mas em breve servirá para conectar sistemas de todos os ambientes de uma casa”, explicou o executivo.
De acordo com Briant, há três anos a companhia vem direcionando maiores investimentos ao País, interessada, especialmente, nos mercados de banda larga e de TV digital. “Este é um ano de assentamento das nossas operações, de colocarmos nossos produtos no mercado. O próximo ano será de colheita de resultados, principalmente na área de banda larga”, revelou.
Para atender à futura demanda por produtos que se conectem à tecnologia PLC, Briant afirma que a companhia continuará a utilizar a estrutura da fábrica da Siemens Enterprise, localizada em Curitiba (PR), já que o grupo francês de investimento Gores é controlador de ambas as empresas. “A princípio utilizaremos esse recurso, mas não nos limitaremos a isso. A idéia é trabalhar com processos de terceirização”, argumentou o executivo.
A expectativa da Sagem é de que até 2012, o faturamento da companhia atinja cerca de 30 bilhões de euros na região que gerencia (Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile). Para este ano, no Brasil, a expectativa é de crescimento entre 20% e 25%. “Estamos trabalhando com as empresas de energia, apresentado nossas soluções”, disse.
Hermano Pinto, diretor de Estratégia e Desenvolvimento de Negócios da Nokia Siemens para a America Latina, explica que a companhia já possui equipamentos para atender a esta demanda no Brasil, que estão sendo trazidos dos Estados Unidos e dependem da homologação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). “Sentimos um interesse das operadoras de energia em entender um pouco mais dos conceitos da tecnologia e também estamos fazendo trabalho de prospecção”, explicou o executivo.
Energia
Diante da movimentação do mercado de PLC, a Companhia Estadual de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul (CEEE) está com planos de criar um braço de telecomunicações para alugar sua rede. “Esperamos ter um estudo pronto até o fim do ano, e até 2010 a empresa deve começar a funcionar”, disse Sergio Camps de Morais, presidente da empresa. A companhia gaúcha planeja investimentos de R$ 60 milhões, entre este ano e o próximo, para acrescentar mais 1.300 km de fibra ótica em suas operações.
A Companhia de Energia do Estado de Goiás (Celg), por sua vez, criou, no ano passado, seu braço de telecom, a Celg Telecom, que já proporciona uma economia de cerca de R$ 2 milhões à empresa. Nos últimos dois anos, a companhia investiu R$ 18 milhões em infraestrutura de telecomunicações, construindo diversos tipos de redes, além de uma infraestrutura de fibra ótica com 614 km de extensão, que abrange cerca de 17 municípios e pode ser expandida para todo o estado futuramente.
A AES Telecom, braço do grupo AES Eletropaulo, investiu cerca de R$ 20 milhões em seu projeto de testes para o PLC, e deve colocar seu produto na prateleira até o fim deste ano. E a Companhia Paranaense de Energia (Copel), que tem a Copel Telecom, direcionou cerca de R$ 16,6 milhões do seu orçamento à divisão de telecomunicações.
Fonte: DCI On Line